Nos últimos dias tenho
mostrado a realidade calamitosa, pra ser mais delicado, do nosso querido
Hospital Militar, que neste ano completou 99 anos, sempre nos atendendo e
sendo, para todos nós militares, pensionistas e dependentes, um segundo lar
para onde corremos quando estamos doentes.
Tenho recebido muitas
informações sobre a situação do Hospital, e após algumas poucas conversas junto
a alguns colegas pude verificar que a situação está mais crítica do que o
tolerável.
Vou me permitir durante o artigo
fazer alguns desabafos pessoais porque o HPM também é minha casa. Parlamentar eu
estou, militar eu sou. E já de início digo: enganam-se os tolos ao dizerem que
as pessoas não estão comentando sobre o assunto, estão sim meus caros e muito.
A quem os senhores querem
enganar? Ao seu ego ou aos seus subordinados para que não percebam a incompetência
em gerir certas coisas?
Meus amigos, para vocês
terem uma idéia do que vem acontecendo no hospital, um sargento teve seu filho
atendido no PA (o mesmo que pronto socorro) e indignou-se com a informação de
que não havia naquele dia soro fisiológico, esta informação chegou aos meus
ouvidos e imediatamente publiquei no meu BLOG e em tempo real, dei a notícia
que o soro fisiológico tinha acabado no HPM. Na semana anterior havia soro, mas
não haviam agulhas, como meus amigos ministrar soro e medicamentos de prescrição venosa sem
agulhas? Será que os médicos do HPM desenvolveram uma nova técnica? E falando
em medicamentos eles também estão em falta, vários pacientes tiveram que comprá-los
do seu próprio bolso, inclusive aqueles que estavam internados.
Já imaginaram isso, o
militar internado no Hospital Militar ter que mandar um parente ir na farmácia
comprar medicamentos para que seja usado durante sua internação?
Somente depois da minha
primeira denúncia é que houve uma liberação de 1 milhão e setecentos mil reais
para a compra de medicamentos, que
durará provavelmente até dezembro,
depois disso, só Deus sabe.
E olha que no dia que fiz a
primeira denuncia o Comandante Geral deu uma entrevista à Rádio Itatiaia e
disse que no Sistema de Saúde estava tudo bem, meu caro Comandante, será
preciso fechar o HPM para o senhor assumir que temos lá um problema sério e que
necessitamos fazer algo?
Será preciso morrer um dos
nossos colegas por falta de medicamento, para alguém tomar uma providência? Amigos
do blog, o Sistema de Saúde da PM está a míngua.
Existem equipamentos
caríssimos comprados pelo IPSM estragando sem manutenção. Fora dos horários de
expediente e nos fins de semana não há especialistas de plantão no HPM, o PA
funciona apenas com clínicos, ou seja, se um militar chegar com uma fratura não
há ortopedista e nem raio X funcionando, se chegar com um AVC grave vai morrer,
pois não há neurologista.
Já pensaram meus amigos,
morrer por falta de atendimento adequado dentro de um Hospital? E falo mais,
dentro do Hospital da Polícia Militar?
Esta é a pura realidade ou
não é, Senhor Comandante?
A situação do HPM é gravíssima.
O HPM não tem alvará de funcionamento, não tem alvará sanitário, não tem Licenciamento
Ambiental, nem um protocolo em caso de incêndio, nem extintor de incêndio tem,
não tem Projeto de Prevenção de Incêndio.
O que me deixa mais triste
é a inércia do Comando. Em vez de resolver o problema, o esconde. Depois da
minha denúncia colocaram sentinelas nas portas da entrada do HPM identificando
qualquer pessoa entra no hospital, estão sendo pedidas as identificações, e
está sendo necessário informar onde vai e o que vai fazer. Em vinte e quatro
anos de PM nunca vi isso. Estão com medo de que? De jornalistas?
Mais do que ignorar o
problema é preciso aceitar a realidade e buscar soluções.
Esse problema que já era
crônico no interior chegou a capital. No interior militares e seus dependentes
chegam a deslocar ate 100 km para terem atendimento médico.
Para piorar a situação o
Ministério Público determinou o cancelamento de vários contratos com a Fundação
Guimarães Rosa, aquela criada por antigos coronéis da PM a quem foi presenteada a gestão de nossa saúde sem qualquer concorrência. O MP já viu isso e mandou
cancelar contratos.
Agora, vários médicos contratados
estão com os salários atrasados desde maio. Isso mesmo, médicos estão
reclamando na Diretoria de Saúde, Ouvidoria e até nas rádios porque estão com os
salários atrasados.
Cirurgias estão sendo
canceladas por falta de equipamentos e medicações. o HPM funciona com
faturamento, ou seja, com o que é pago para o hospital, e os maiores faturamentos veem das cirurgia,
então, amigos, não teremos faturamento no HPM, o que vem de consultas de
ambulatório, exames, PA é muito pouco em termos de valores e NÃO SUSTENTA O HPM
.
Meus amigos quem está sendo
prejudicado com todo esse descaso é o paciente.
ENTAO,
A QUEM INTERESSA SUCATEAR O HPM?
Ao
governo, para nos mandar para o IPSEMG ou para
tomar o prédio e colocar no nosso sistema de saúde as outras forças de
segurança pública? Ou criar um grande hospital de todos os funcionários
militares e civis juntos?
Ao
comando, para entregá-lo a Fundação Guimarães Rosa,
aos seus amigos coronéis, para que ganhem rios de dinheiro em razão de nossas
doenças?
NEM TENTEM, SE ISSO ACONTECER
NÓS INVADIREMOS ESTE 6º ANDAR E MOSTRAREMOS NOSSA INDIGNAÇÃO.
E pode ficar tranqüilo,
Comandante Geral que não estou fazendo isso por questões eleitorais, pois vou
continuar mostrando após as eleições. E também não precisa me responder,
responda aos usuários do SISAU, basta tomar atitude de comandante Geral e não
deixar que nosso hospital fique sucateado.
As informações que aqui
coloquei, são poucas levando-se em conta a gravidade do caso, mas continuarei a
colocá-las até que providências tenham sido tomadas e que o nosso HPM, continue
a ser nossa segunda casa.
O
juramento que fazemos ao ingressar na PM ou BM de defender a sociedade mesmo
com o sacrifício da própria vida também valerá para salvar o HPM, não
permitiremos que acabem com nosso HPM, mesmo com o sacrifício da própria vida.
Não me calarão.
PELO HPM, de todos os
militares, pensionistas e nossos familiares.
Júlio
César Gomes dos Santos
Militar
Reformado e Advogado
OAB/MG
136.363
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